domingo, 11 de julho de 2010

Não Entendo - Texto de Clarisse Lispector

Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender.
Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fron-
teiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo.
Não entender, do modo como falo, é um dom, não entender, mas
não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não
entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida.
É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de
vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco.
Não demais, mas pelo menos entender que não entendo.

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